5 de ago. de 2012

It's not Lupus!


    Durante muitos anos, a série "House" foi uma das mais assistidas no mundo. E para aqueles que a acompanharam ou viram alguns episódios, devem ter em mente a célebre frase "It's not Lupus! (não é Lupus!)". Até ai tudo bem, mas por que a equipe sempre questionava se o paciente poderia ter Lupus? Esta doença atinge praticamente todo o corpo e talvez por isso havia a suspeita. Resolvi então fazer esse post para tentar esclarecer bem resumidamente que doença é essa.
    O Lupus Eritematoso Sistêmico (LES) é uma doença autoimune multissistêmica crônica. De uma maneira bem simples, uma "doença autoimune" seria aquela em que as células de defesa do nosso organismo (responsáveis por combater bactérias, vírus) passam a agredir o próprio corpo. A característica mais marcante dessa doença é o desenvolvimento de focos inflamatórios em vários tecidos do corpo. A doença evolui com períodos de exacerbação e remissão. Compromete principalmente a pele, as articulações, as serosas (pleura, pericárdio), os glomérulos renais e o sistema nervoso central. É a doença das “ites” (dermatite, artrite, glomerulonefrite, pleurite...).
    O Lupus atinge, com maior freqüência, mulheres jovens e em idade fértil. O espectro clínico é muito variado, já que se observa desde pacientes com poucos sintomas até casos muito graves.
    Quais são as causas? Não se sabe ao certo o que causa o LES. Acredita-se que tenha relação com fatores genéticos (quem tem algum familiar com a doença tem maiores chances de desenvolve-la) e fatores ambientais (exposição aos raios ultravioletas, estrógenos, tabagismo, agentes microbiológicos). 
    Quais os sintomas? Mal-estar, febre, fadiga e perda de peso podem estar presentes, mas são achados inespecíficos. Na pele, pode-se encontrar fotossensibilidade (erupções na pele após exposição solar) e erupções em forma de “asa de borboleta" nas bochechas. Dores articulares, distúrbios renais, derrames pleural e pericárdico, distúrbios psiquiátricos e anemia também são muito frequentes. Nos exames laboratoriais, o principal achado são os anticorpos anti-nucleares.
    Para o diagnóstico de LES, considera-se 11 critérios, dos quais a presença de 4 ou mais leva a suspeita da doença e, muitas vezes, até ao seu diagnóstico. Ficaria muito extenso o texto se fosse citar todos os critérios, mas, em resumo, boa parte desses critérios estão contidos no parágrafo anterior.
    Quanto ao tratamento, não há até o momento uma cura para doença. O tratamento consiste no controle dos sintomas, na prevenção das complicações e no aumento da sobrevida dos pacientes. Os principais fármacos utilizados são os corticóides e os imunossupressores.
    
    Curiosidade: o termo Lupus (lobo, em latim) foi empregado pela primeira vez na Idade Média para descrever lesões cutâneas de surgimento espontâneo que lembravam “mordidas de lobo”.

Um comentário:

  1. Gostei de mais!
    Bem escrito, linguagem clara e didática q nos traz uma ideia resumida sobre o assunto.

    Muito bom!

    XOXOXOXOXOX

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